Os desafios enfrentados por neurodivergentes, como aqueles com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), TEA (Transtorno do Espectro Autista) e AH/SD (Alta Habilidade/Superdotação) no ambiente corporativo, são variados e dependem do contexto específico, da cultura organizacional e das características individuais de cada pessoa. Entretanto, alguns desafios são comuns e geralmente relatados como barreiras para uma melhor produtividade, seja por pessoas diagnosticadas ou não.
Para os diagnosticados, é essencial uma conversa franca com seus líderes, pois, ao conhecer as medidas que podem aumentar sua saúde e produtividade, faz sentido compartilhá-las.
Já os não diagnosticados, ao perceberem dificuldades que parecem normais para seus colegas, devem buscar apoio para identificar possíveis neurodivergências.
Ambiente de Trabalho: O Maior dos Desafios
Muitos profissionais relatam um aumento significativo na produtividade e conforto ao trabalharem de casa. Algumas dessas pessoas podem ser neurodivergentes sem saber, o que explicaria essa adaptação intensa ao trabalho remoto. Em casa, é possível adaptar o ambiente para eliminar distrações, como uma janela voltada para a rua ou conversas próximas, desafios comuns para TDAHs que captam múltiplos estímulos simultaneamente, o que pode ser exaustivo e angustiante.
As pessoas com Alta Habilidade/Superdotação também enfrentam desafios como as sobreexcitabilidades sensoriais. Ambientes corporativos tradicionais, com seus ruídos, iluminação e estímulos sensoriais variados, podem ser particularmente desafiadores para essas pessoas.
Diagnóstico e Identificação no Brasil
Não há dados precisos sobre o número de pessoas com altas habilidades/superdotação que chegam ao mercado de trabalho sem diagnóstico. No entanto, algumas estatísticas fornecem uma perspectiva:
- O Censo Escolar 2022 registrou 26.815 alunos com AH/SD na educação básica.
- A Mensa estima que 2% da população mundial tem alto QI, sugerindo cerca de 4 milhões de brasileiros superinteligentes.
- Estimativas da OCDE indicam que entre 1% e 3% dos estudantes podem ser considerados superdotados, o que no Brasil representaria entre 470 mil e 4,7 milhões de estudantes.
Estes números indicam uma discrepância significativa entre o número de indivíduos potencialmente superdotados e os formalmente identificados nas escolas, sugerindo que muitos podem chegar ao mercado de trabalho sem terem sido diagnosticados.
Desafios Comuns para Neurodivergentes
Entendimento e Aceitação:
A falta de compreensão sobre neurodiversidade pode gerar mal-entendidos e avaliações incorretas.
Comunicação e Relacionamento Interpessoal:
Dificuldades na comunicação social podem afetar a interação com colegas e gestores.
Flexibilidade e Adaptações:
A rigidez nas estruturas de trabalho e a falta de adaptações podem ser barreiras para a inclusão.
Gestão de Tempo e Organização:
Desafios na gestão do tempo e na organização de tarefas são comuns, especialmente para indivíduos com TDAH.
Estigma e Discriminação:
Preconceitos em relação à neurodiversidade podem levar a estigma e discriminação.
Reconhecimento de Talentos e Habilidades:
As habilidades especiais de pessoas neurodivergentes muitas vezes não são reconhecidas ou valorizadas.
Acesso a Recursos de Suporte:
A limitada disponibilidade de recursos de apoio, como coaching ou terapia ocupacional, dificulta a adaptação ao ambiente de trabalho.
Para enfrentar esses desafios, é crucial que as empresas adotem políticas inclusivas, ofereçam treinamento sobre neurodiversidade aos profissionais de RH e implementem adaptações que beneficiem todos os funcionários. Além disso, é importante promover um ambiente de trabalho onde a diferença seja vista como um valor e não como um obstáculo.